Crise financeira global é tema de palestra de abertura da IFC 2018
Com uma análise sobre as lições deixadas pela crise de 2008 e as ações adotadas pelos governos para recuperar os países da recessão, Otaviano Canuto, economista e diretor do Banco Mundial para o Brasil e outros 8 países, ministrou a palestra de abertura da XVIII International Finance Conference – IFC. O evento, que tem como tema os Desafios para uma Educação Financeira Sustentável, acontece na Faculdade de Ciências Econômicas de 12 a 15 de setembro e inclui painéis e sessões de trabalhos.
A crise financeira de 2008 teve início nos Estados Unidos após o colapso da bolha especulativa no mercado imobiliário, alimentada pela expansão de crédito bancário e potencializada pelo uso de novos instrumentos financeiros. O evento detonador da crise, que se espalhou pelo mundo em poucos meses, foi a falência do banco de investimento Lehman Brothers no dia 15 de setembro de 2008, após a recusa do Federal Reserve (banco central dos EUA) em socorrer a instituição.
Hoje, Dez anos depois da crise financeira global – tema da palestra de Canuto, os sistemas bancários são mais sólidos, segundo o economista. “Provavelmente, em um próximo episódio como esse, não encontraremos como candidatos à crise os bancos”, ressaltou. Para ele, em 2008, as instituições financeiras foram vítimas de sua própria ganância, pois lucravam com os créditos hipotecários de alto risco porque “não queriam ficar de fora de uma forma de ganhar dinheiro fácil, mas fingiam que não estavam se expondo aos ativos tóxicos”.
Entender os motivos que levaram o mundo à recessão em 2008 significa planejar-se para minimizar os impactos de uma nova crise, o que, segundo Canuto, é algo inevitável e inerente aos sistemas econômicos. “Quanto mais se prolonga um período de estabilidade, mais vulnerável se torna o sistema. A dúvida é ‘como estar preparado para a próxima crise’?”, questionou. Os ensinamentos que 2008 deixaram aos bancos, de acordo com o palestrante, incluem a diminuição do número de ativos, uma menor dependência de emissão de dívidas, a realização de testes de stressperiódicos e o que chamou de “testamento”, ou seja, um plano de como pretendem operar em situações de crise.
Solenidade de abertura
A palestra de Otaviano Canuto foi realizada após a cerimônia de abertura da IFC, que contou com a participação da cantora Shana Müller. Aplaudida pelo público presente, Shana cantou o Hino Nacional acompanhada pelo músico Felipe Barreto no violão. A solenidade ocorreu no auditório da FCE, na tarde do dia 12 de setembro.
Participaram da abertura o reitor da UFRGS Rui Vicente Oppermann, o diretor e a vice-diretora da FCE Carlos Henrique Horn e Maria de Lourdes Furno, a presidente do board da IFC Teresita Yáñez, a diretora executiva da IFC 2018 Caroline Orth, a coordenadora substituta do PPG Controladoria e Contabilidade Márcia Bianchi, e o diretor da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (APIMEC) José Júnior Oliveira.
Programação inclui painéis sobre investimentos, finanças comportamentais e previdência
Até o dia 15 de setembro, o evento recebe ainda as palestras de Marcos Brandão de Andrade, do Banco Central do Brasil, que aborda O papel do órgão regulador na educação financeira; de José Junior Oliveira, da Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais, sobre O mercado de ações como instrumento de poupança e investimento; de Patrícia Palermo, da Fecomércio, que trata sobre A economia brasileira e os desafios da educação financeira; e da professora da ESPM Frederike Monika Budiner Mette, sobre Educação financeira sob a ótica das finanças comportamentais.
A sessão de encerramento trata sobre a temática Educação financeira e previdência complementar, com Rodrigo Sisnandes Pereira, presidente da Fundação CEEE de Previdência Complementar. A programação completa está disponível no site da conferência. Dúvidas pelo e-mail ifc2018@ufrgs.br.